Consecutiva é um tipo de interpretação muito difícil, ao contrário do que se possa imaginar, pois “basta repetir o que foi dito”. Mas a coisa não é bem assim. Quando se tem treinamento adequado, a cabine acaba virando nosso bunker: ficamos protegidos, cercados por nossos blocos, post-its, computadores com glossários, dicionários e todo o universo da internet a nosso dispor. Podemos até tirar nossos sapatos — se quisermos, pois, na verdade, ninguém faz isso 😀
Trabalhar com consecutiva nos tira tudo isso. Ficamos perto do palestrante, quase sempre sem mesa, ou púlpito, com nosso bloco e caneta em mãos, encarando o público, quase sempre enfadado, afinal tem que ouvir duas vezes o mesmo discurso, entendendo ou não ambos os idiomas. Ah, sim, isso sem falar na máxima atenção prestada e no total de memória empregada. Não. Não posso dizer que é uma sensação delicinha do tipo “opa, mal posso esperar”.
Apesar de já ter ouvido falar na “consecutânea”¹, e até mesmo conhecer gente que já trabalhou com ela, arrisco dizer que a forma mais segura de trabalhar ainda é tomando as boas e velhas notas.
Anotar adequadamente sem desviar a atenção para o que se escreve em vez do que se ouve é questão de treino: um treino que preciso fazer.
Fui lá, decidida, comprei o “Note-taking for Consecutive Interpreting”, de Andrew Gillies. Demorou um cadinho para chegar, mas hoje está em minhas mãos. Só falta ler e pôr em prática o danado. 🙂
Depois digo o que achei 😉